terça-feira, 25 de maio de 2010

Lost - The End


Se tivéssemos que usar apenas um adjetivo para classificar Lost, tenho certeza absoluta que o termo mais ideal seria “revolucionário”. A série foi um marco na história da TV mundial e mudou a maneira de assistir televisão. Graças ao seu roteiro enigmático e muito bem trabalhado em suas primeiras temporadas, o programa tirou o espectador do sofá e o colocou na frente do computador. Seja para baixar o episódio horas depois de sua exibição na TV americana, ou para procurar em fóruns e sites de relacionamento as referências citadas durante os seus 40 e poucos minutos de exibição.

E não era pouca coisa. Filosofia, ciência, religião, física, política, matemática, literatura... Tudo fazia parte do universo Lost. Um simples nome de personagem era motivo de buscas e mais buscas de significados e ligações com outros nomes, coisas ou lugares. Além disso, a série tinha personagens carismáticos, porém “quebrados”. Dando a impressão de que todos ali tinham um motivo para sobreviver a queda do vôo 815 da Oceanic e ingressar no mundo fantástico daquela ilha misteriosa.

As duas primeiras temporadas foram um primor. A luta pela sobrevivência, aliada aos mistérios da ilha (uma escotilha no meio do mato, um monstro de fumaça, antigos moradores da ilha, uma francesa que vive sozinha há 16 anos lá e um urso polar correndo em uma floresta tropical, por exemplo) e com os dramas externos de cada personagem conquistou o espectador e transformou Lost em uma religião. Adeptos ao novo ‘culto‘ surgiam a cada dia, promovendo discussões infinitas e teorias cada vez mais complexas para tentar elucidar os enigmas do seriado. Quem são os Outros? Por que a Ilha tem o poder de curar? O que é a Iniciativa Dharma? Eram umas das zilhões de perguntas que faziam parte deste novo universo.

No terceiro ano da série, Lost começou a perder o fio da meada. Ao dar voz aos sobreviventes figurantes das temporadas anteriores (o que era o personagem de Rodrigo Santoro???) não responder nenhuma das questões lançadas e ficar muito tempo focada na vida dos Outros (que não levou a séria a lugar algum), os fãs começaram a ficar irritados (com razão), a audiência começou a cair e os produtores vieram a público falar que “praticamente tudo seria explicado e que a ilha não era um purgatório e muito menos o sonho de algum personagem”.

Mas a partir daí o que se viu foi muita encheção de lingüiça, sub-tramas que não levavam a lugar algum, novos personagens e novos mistérios aparecendo cada vez mais e a esperança de que teríamos uma explicação lógica para tudo sendo enterrada de vez. A ciência deu lugar a ficção científica, com viagens no tempo e realidades paralelas, e a filosofia e literatura parecem terem caído nas mãos do Paulo Coelho.

Mas o pior ainda estava por vir, quando a sexta e última temporada começou e Lost rumou para um caminho extremamente perigoso: O misticismo. Permitindo assim que tudo fosse ‘explicado’, sem que nenhuma explicação fosse dada realmente.

O mistério e a ciência morreram. O que se viu foi a luta entre o bem e o mal. O branco contra o preto. E a busca por uma luz (sim, uma luz) que seria o coração da ilha e deveria ser protegida do monstro de fumaça. Além disso, tínhamos uma realidade paralela, onde os ‘losties’ tinham uma vida mais digna, não sofriam dos males que o atormentavam na vida real e não eram sobreviventes do vôo 815 da Oceanic, pois o avião que saiu da Austrália, cumpriu sua rota normalmente aterrissando em Los Angeles sem problema algum.

Não me pergunte como, mas os personagens na realidade paralela começaram a se lembrar da outra realidade, os losties se lembraram uns dos outros e acabam promovendo um encontro em uma igreja (ou templo religioso qualquer, não dá para saber com exatidão) para enfim chegarmos a uma conclusão não tão conclusiva: A realidade paralela, e não a ilha, era o purgatório. E chegamos a um final no melhor estilo Guerra nas Estrelas, com os personagens principais se abraçando e felizes. Só faltou a salva de palmas.

Lost reuniu ao longo dos anos elementos que poderiam marcá-la como a maior série de TV de todos os tempos, mas os produtores jogaram tudo pelo ralo ao cederem a pressão dos executivos da ABC para alongar o enredo por mais temporadas e acabou se perdendo dentro de sua própria ganância e ambição.

6 comentários:

disse...

Concordo 100%, sem tirar nem por nada.
O ultimo episódio foi muito bom, mas o final foi decepcionante!

Anônimo disse...

tb tô contigo e não abro! agora o nosso Lost acabou foi na segunda temporada,mesmo sem respostas mais coerente com nossa Inteligência.

Marilia disse...

Adoreiii o final!!!

Daniel Daipert disse...

Perfeito. Pena que os fanáticos, por mais que tenham odiado estão e vão continuar defendendo a todo custo essa droga de final. Como alguém inteligente pode gostar de um final de uma série que misturou ao longo da sua jornada, ciência, relações humanas, religião, literatura, física, ficção, entre outros e terminou com vários casaisinhos dentro de uma igreja indo em direção ao paraíso??? Façam-me o favor. Não da pra respeitar os autores. Eles não me respeitaram quando resolveram ganhar dinheiro e se danar pro conteúdo. Fodam-se eles e a droga da emissora. Nunca imaginei que a série que eu gostava iria acabar com uma cena de final de novela das 8. Pra quem gostou desse final eu só tenho a lamentar. São os mesmos que devem se emocionar com o josé mayer finalmente se apaixonando e ficando pra sempre com a Helana no final da novela.

camila disse...

Ficou parecendo a caverna do dragão hahahaha

Jack disse...

Fabião, eu até aceitei a parte mística da série, porque num determinado momento, entendi que não poderia se explicar a fumaça e o Jacob sem alguma coisa mística. A ciência aí não ia bastar!
Mas, vamos combinar, que merda eles fizeram? Para que viagens no tempo se não iam prestar para nada? Para que mistérios e mais mistérios que não são relevantes?

Por isso, entendi que os mistérios são relevantes, o que não é relevante é o final! hehehehe

Abraços indignados!