terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Os Melhores do Ano - Filmes

Final de ano chegando e é época de fazer a famosa lisa dos “10 mais”. Como não fui a muitos shows, li poucos livros e não tive muita paciência para ouvir bandas novas, vou listar os filmes que mais curti este ano. Amanhã, se der tempo, vou listar as séries que mais me chamaram a atenção. Mas o ano foi um pouco decepcionante neste segmento e duvido que encontrarei 10 seriados bacanas pra colocar aqui.

Batman - O Cavaleiro das Trevas
Blockbuster do ano. Filmaço dirigido novamente pelo ótimo Cristopher Nolan e que teve uma atuação magistral de Heath Ledger no papel de Coringa. O filme só não leva um 10 porque Christian Bale ainda não é o Batman ideal. Ele até funciona como Bruce Wayn, mas aquela rouquidão forçada é duro de engolir. Tirando isso o filme é fantástico. Roteiro muito bem escrito, interpretações dignas, cenas de ação empolgantes, efeitos na medida e a excelente direção de Nolan fez com que O Cavaleiro das Trevas abocanhasse merecidamente o título de filme do ano.

WALL-E
Em cada filme novo lançado a Pixar consegue deixar os espectadores boquiabertos, seja com suas novas técnicas de animação ou com histórias belíssimas que contagia crianças e adultos. Wall-E é uma de suas melhores animações e com pouquíssimos diálogos (na primeira parte do filme eles não existem) é capaz de entreter a criançada com a história do robô Wall-E, que vive sozinho na Terra empilhando o lixo deixado pelos humanos e vê sua vida mudar quando a robô Eva chega em nosso planeta para saber se ele tem condições de ser novamente habitado pelos homens.

Vicky Christina Barcelona
Fazia tempo que não conseguia assistir a um filme do Woody Allen sem achar que ele estava virando o Didi Mocó e dirigindo no piloto automático. Mesmo com Scarlett Johansson no elenco (a babação de ovo dela pelo Allen é insuportável) o filme lembra as grandes produções antigas do diretor e as atuações de Javier Bardem como o pintor que se envolve num romance com as jovens Vicky e Cristina, mesmo ainda envolvido com sua ex-esposa tempestuosa, interpretada por Penélope Cruz.

Gomorra
Não é tão fodaço quanto andam pintando por aí, mas trata-se de um ótimo filme. Cinco histórias paralelas mostram como a máfia de Nápoles (Camorra) age na Itália e como suas atividades ilícitas se tornam limpas no mundo dos negócios. Com uma narrativa pouco convencional e atores amadores (assim como Cidade de Deus) o filme causa forte impacto por causa de sua realidade crua e impiedosa. Ao lado de produções como “O Poderoso Chefão” e “A Família Soprano”, “Gomorra” serve de complemento para entender o universo dos mafiosos.

Ensaio sobre a Cegueira
Fernando Meirelles realizou algo que era considerado impossível: Adaptar um livro do escritor português José Saramago. Pra piorar, um dos seus livros mais difíceis, sobre uma inexplicável epidemia de cegueira que se alastra rapidamente. Todos os cegos são transportados a força para um hospital psiquiátrico desativado, ficando isolados do mundo e tendo que aprender a se organizar sob essa nova condição. Apenas uma personagem, atuação excepcional de Juliane Moore, não é atingida pela epidemia e se interna para ajudar o marido.

Homem de Ferro
Ao contrário de Batman – O Cavaleiro das Trevas que é um filme de herói mais sério, Homem de Ferro é mais tiração de sarro. E como nunca foi o personagem predileto de ninguém não tem uma pá de nerd pra encher o saco e falar que “nos quadrinhos é diferente...”. Por isso mesmo Robert Downey Jr. Literalmente destrói no papel do bilionário inventor Tony Stark que depois de um acidente vira o Home de Ferro. Primeira produção da Marvel nos cinemas, com efeitos de primeira e fator diversão nota 10.

Queime Depois de Ler (Burn After Reading)
Os Irmãos Coen voltam as origens e realizam outra comédia absurda, com personagens exagerados, caricatos e divertidíssimos. John Malkovich é um agente da CIA demitido que resolve escrever um livro de memórias contendo detalhes reveladores da agência. O material cai acidentalmente nas mãos de dois funcionários de uma academia de ginástica vividos por Frances McDormand e Brad Pitt (impagável), que tentam subornar o ex-agente e vender o material para os russos.

Pagando Bem, Que Mal Tem?
O Balconista 2 mostrou que o diretor Kevin Smith estava voltando a boa forma. Pena que o seu novo filme “Zack and Miri Make a Porno” ganhou aqui o título imbecil de “Pagando Bem, Que Mal Tem?”. Mesmo assim o filme é ótimo. Zack e Miri são um casal de amigos que se conhecem desde criança e sempre viveram na merda. Para mudar a situação, resolvem produzir e protagonizar um filme pornô. Não conhecia o trabalho do ator Seth Rogen, mas depois deste filme fiquei com vontade de ver seus trabalhos anteriores como “Superbad” e “Ligeiramente Grávidos”. A diva dos filmes pornôs dos anos 80, Traci Lords, faz uma participação especial.

Trovão Tropical
O primeiro filme dirigido por Ben Stiller prova que ele rende muito mais por trás das câmeras. Na história, ele, a lado de outros astros de Hollywood vividos por Jack Black e Robert Downey Jr, é enviado para uma floresta vietnamita, onde filmarão mais uma produção sobre a Guerra do Vietnã. A equipe não sabe que está sendo atacada de verdade e a metralhadora dos atores é disparada contra o politicamente correto, resultando em incríveis piadas sobre minorias. A participação de Tom Cruise, como o executivo de cinema que manda os atores para lá, é hilariante.

Rebobine, Por Favor
A história é meio bobinha, mas Jack Black prova que é um dos melhores comediantes da atualidade. Aqui ele é funcionário de um ferro velho que decide sabotar a usina elétrica da cidade. Ele fica magnetizado e “apaga” todos os filmes da locadora onde seu melhor amigo trabalha. Para não ficarem no prejuízo, resolvem “refilmar” os títulos que Black destruiu. As versões caseiras que eles fazem de “O Rei Leão”, “De Volta Para o Futuro”, “Os Caça-Fantasmas”, “Conduzindo Miss Daisy” e “RoboCop” são geniais.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Fanmade, Feliz Natal e um Ótimo 2009

Depois da famosa onda 'versão do diretor', que culminou no relançamento de diversos filmes a onda do momento são as 'versões dos fãs', as chamadas "fanmades". São diversos filmes que foram parodiados ou homenageados. A série Guerra nas Estrelas deve ser a campeã neste segmento.

Inconformados com a presença de Jar Jar Binks do primeiro filme da segunda trilogia (A Ameaça Fantasma) os fãs da saga lançaram uma versão cortando todas as aparições do alienígena insuportável. Resultado: Saiu melhor que o filme de George Lucas. Além disso, tem uma versão animada feita de LEGO e a fantástica série Chad Vader, que já foi comentada aqui neste blog.

Outra famosa saga homenageada foi Harry Potter, mas essa se restringiu ao campo literário. Uma fã peruana desgosotsa com o quinto livro da série lançou na internet sua própria versão de Harry Potter e a Ordem da Fênix. Dizem que o material ficou melhor que o da escritora J.K. Rowling. A saga do bruxo também já teve um dicionário feito por fãs, que explica aos 'trouxas' todos os significados do universo da bruxaria.

A nova sensação do momento é um trailer do esperado filme dos Thundercats. Um fã pegou cenas de diversos filmes, como: Tróia, Eclipse Total, X-Men 3, Indiana Jones e a Última Cruzada e Garfield para compor o seu trailer usando muita criatividade e seu photoshop. O resultado é excelente. Confira o vídeo abaixo.



Como não sei se terei tempo de atualizar o blog este ano (dezembro ele ficou um pouco de lado por causa da mudança de sede do trabalho) aproveito para desejar a todos os leitores um Feliz Natal e um 2009 repleto de realizações. Obrigado por tudo, pelos comentários, dicas, apoios e paciência. E prometo tentar atualizar o site diariamente no começo de janeiro. Até lá.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Voz do Awey

Hermes e Renato é um dos melhores programas (na verdade um dos poucos que se salvam) da MTV. E um dos grandes responsáveis da qualidade do programa chama-se Gil 'Awey' Brother. No seu novo quadro, "Voz do Awey", ele solta suas opiniões como fazia no "Drops Awey News". Os comentários dele sobre os cachaceiros, índios e aquecimento global são impagáveis. Na boa, o cara é um gênio.

E dá-lhe lambida na faca.

sábado, 8 de novembro de 2008

Chad Vader

Já que o assunto é versões para filmes consagrados. Esta aqui vale muito mais a pena que o Star Wars turco. "Chad Vader" é uma ótima sátira aos filmes da saga de George Lucas. O cenário é um grande supermercado, ao invés de uma galáxia não muito distante e a versão dark de Anakin Skywalker é Chad Vader, o gerente diurno da loja. As sacadas são bem legais (obvio que é para iniciados aos filmes) e os oito episódios (curtinhos) da primeira temporada legendados em português estão disponíveis no You Tube. Segue abaixo o primeiro. E que a Força esteja com você.


terça-feira, 21 de outubro de 2008

O Away de Petrópolis

O amigo Roberto Novaes, do Phodase, mandou especialmente para o Cotidiano Ranzinza uma singela história sobre o mestre Gil Brother, o Away de Petrópolis. Segue abaixo a íntegra.

Roberto Novaes:

Brother lavava os carros dos playboys da rua 16 de Março e de alguns excelentíssimos vereadores de Petrópolis. Ídolo dos rastas e hippies e Cristo dos playboys, fato é que, sendo esculachado ou sendo ovacionado, ele era o centro das atenções naquele pedacinho do centro.

Belo dia de sol, um senhor que, além de playboy era excelentíssimo, resolveu dar um esporro nele, uma vez que sua dança e música alta atrapalhavam a plenária da Câmara.

Do alto da janela do belíssimo “Palácio da Águia”, nosso nada diplomático representante berrava a plenos pulmões, “ô ô... bota o carro na Irmãos D’angelo, isso aqui é um lugar de respeito! E aproveita pra tomar um banho, seu porco!”.

Humilde, Borther providenciava a remoção do carro para o endereço sugerido, alguns moradores, curiosos, debatiam nas calçadas: ”Isso aqui não é Nova Iguaçu, não!”, “a gente paga um dinheirão de IPTU, condomínio, e ainda tem que aturar esse crioulo!” e outros comentários mais, típicos do conservador repertório tijucano dos petroboys.

Mais democráticos, alguns passantes comentavam... “esse cara é muito calmo... eu já tinha mandado essa gente à merda!”.

Já com os tapetes, baldes e panos recolhidos, Brother liga o carro, avança uns 5 metros... pára... abre a porta e, antes de seguir para a Irmãos D’angelo, se vira para o Palácio e manda seu recado: “ô excelência... excelênciaaa... AWAAAAY!!”.

15 anos se passaram. O ex-excelentíssimo jamais fora reeleito e seu pequeno comércio de bairro devidamente engolido por dois grandes supermercados. Ele anda de ônibus e reclama das obras da prefeitura. Um de seus netos costuma passar as tardes vagando com a turma, pelo centro da cidade, caçando bagana e trajando uma camiseta com a estampa do rosto vesgo do excelente Gil “Away” Brother.


Abaixo, uma compilação do grande mestre Gil Brother. Dedicado ao bando de badernista que visita este blog diariamente.

Away

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A Família Soprano

Não é nenhum exagero afirmar que A Família Soprano é uma das melhores produções da história da televisão. A série é um divisor de águas na história da TV norte-americana e significa para o drama o mesmo que Seinfeld significa para a comédia. A produção da HBO que teve início em 10 de janeiro de 1999 e terminou em 10 de junho de 2007 começa a ser transmitida hoje pelo canal Warner, às 21h.

Vencedora de cinco Globos de Ouro e 21 prêmios Emmy, Família Soprano devolveu à televisão americana a qualidade que ela havia perdido nos anos 70 para as produções hollywoodianas. Com um elenco primoroso, roteiros brilhantes e ótima direção a série foi um dos ícones pop da virada dos anos 90 para os 00. Não é a toa que recebeu enxurradas de elogios dos principais veículos dos Estados Unidos, sendo tratada por adjetivos como “a maior obra prima da cultura pop da sua época” ou “a mais rica conquista da história da televisão”. A Família Soprano figura na quinta colocação dos “50 melhores shows da TV em todos os tempos”, do TV Guide.

Ao lado de O Poderoso Chefão, Os Bons Companheiros e Cassino, a série é essencial para entender o universo dos mafiosos. A história é centrada na máfia de Nova Jérsei e o fio condutor dessa saga é Anthony Soprano, que se divide entre os problemas da sua família e da sua “família”. Assim como as outras grandes produções da HBO, ela conduz o espectador a conhecer todos os lados da história, desde o glamour até a podridão, mostrando o lado humano dos personagens, suas crises e dificuldades, tratando todos com um nível de realismo impressionante.

Tony Soprano é o melhor exemplo disso. Um homem de meia-idade, que sofre de depressão e síndrome do pânico e que busca melhorar a vida através da terapia. Seus amigos não podem saber de sua ‘fragilidade’. Afinal de contas, um chefe da máfia não pode passar por esse tipo de problema e muito menos se ‘confessar’ para uma psicóloga. Desse modo, somos apresentados aos dois “Tonys”. O brutal e implacável mafioso, que não teme nada nem ninguém e o homem contemporâneo comum, fragilizado pelo peso da responsabilidade em constante crise com a esposa e filhos. Simplesmente imperdível.

Conheça os Sopranos:
Anthony “Tony” Soprano (James Gandolfini): Personagem principal. No início da série é capitão e ascende a chefe da família em substituição ao seu tio Junior.

Carmela Soprano (Edie Falco): Mulher de Anthony Soprano.

Dra. Jennifer Melfi (Lorraine Bracco): Psicóloga de Anthony Soprano. Com o desenvolver da série passar a ter o seu próprio psicólogo a quem confidencia a terapia de Anthony Soprano.

Christopher Moltisanti (Michael Imperioli): Primo de Carmela Soprano, que Anthony Soprano trata como sobrinho. Sobe aos poucos na família até atingir o posto de capitão.

Silvio Dante (Steve Van Zandt): Proprietário do Bada Bing, “consegliere” e antigo membro da família. Braço direito de Anthony Soprano.

Paulie “Walnuts” Gualtieri (Tony Sirico): Capitão e antigo membro da família. Tem o respeito de Anthony Soprano por ter trabalhado com o seu pai, Johnny “Boy” Soprano.

Corrado “Junior” Soprano (Dominic Chianese): Irmão de Johnny “Boy” Soprano. Com a morte de Jackie Aprile, assume o comando da família DiMeo, que, como passa a ser chefiada por um Soprano, passa a ser conhecida como família Soprano. Após uma manobra interna foi substituído no comando pelo sobrinho, Anthony.

Meadow Soprano (Jamie-Lynn DiScala): Filha mais velha de Anthony Soprano. Não concorda com o estilo de vida do pai. Após ingressar na universidade afasta-se ainda mais do pai, mantendo apenas contacto com a mãe e com o irmão.

Anthony “AJ” Soprano Jr. (Robert Iler): Filho novo de Anthony Soprano. Um jovem completamente o oposto da irmã. Não se preocupa com o futuro, não assumindo responsabilidades. Não vê no pai o modelo ideal, mas, diferente da irmã, não se importa muito e aproveita a vida de filho do chefe.

Bobby “Bacala” Baccalieri (Steve Schirripa): Membro da família que ajudava “Junior” antes deste deixar de ser o chefe.

Janice Soprano (Aida Turturro): Irmã de Anthony Soprano. Sempre dramática, provoca o irmão até este perder a calma. Não tem uma fonte de renda fixa e depende da ajuda do irmão para continuar a vida.

Artie Bucco (John Ventimiglia): Antigo amigo de Anthony Soprano. Dono do restaurante Nuovo Vesuvio, onde a máfia habitualmente se reúne para jantar. Não tem qualquer ligação com os esquemas da máfia, apesar da amizade.

Adriana La Cerva (Drea de Matteo): Noiva de Christopher.

Johnny "Sack" Sacramoni (Vincent Curatola): Inicialmente capitão da família de Nova Iorque e sobe ao posto de chefe após a morte de Carmine Lupertazzi. Ganancioso, não deixa escapar qualquer possibilidade de negócio e muitas vezes briga com Anthony Soprano.

Salvatore “Big Pussy” Bonpensiero (Vincent Pastore): Capitão amigo de Anthony Soprano, antigo membro da família.

Furio Giunta (Federico Castelluccio): Membro da máfia italiana que após um acordo vai para a América para trabalhar para a família.

Richie Aprile (David Proval): Irmão de Jackie Aprile. Esteve preso por vários anos e ao sair da prisão reclamar o direito de ser novamente capitão. Não concorda com a troca de chefe na família e ameaça Anthony várias vezes.

Anthony “Tony B” Blundetto (Steve Buscemi): Primo de Anthony. Esteve preso por vários anos e ao sair da prisão tenta não voltar ao mundo do crime.

Livia Soprano (Nancy Marchand): Mãe de Anthony. Muito severa, não aprova nada que o filho faz. Nos seus últimos anos de vida perde a noção das coisas e passa a ser uma ameaça para o próprio filho.

Ralph Cifaretto (Joe Pantoliano): Membro da máfia, ganancioso e oportunista. Após a morte de Jackie, envolve-se com a viúva com a intenção de subir na família. Consegue fazer apesar de Anthony não aprovar as suas atitudes.

Jackie Aprile (Michael Rispoli): Antigo chefe da família DiMeo (agora conhecida por família Soprano), adorado por todos e referenciado como o chefe perfeito que sabia conduzir os negócios com calma. Morre de câncer, deixando o lugar vago.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Todos Estão Cegos

É simplesmente ridícula a atitude da associação de cegos dos EUA, que planeja protestos contra o Ensaio Sobre a Cegueira, de Fernando Meirelles. O presidente da entidade, Marc Maurer, que é cego, reclama que “o filme retrata cegos como monstros, e vejo isso como uma mentira.”

Cegos e simpatizantes distribuirão panfletos na estréia com os dizeres: “Eu não sou ator. Mas eu ajo como uma pessoa cega na vida real”. Deveria acrescentar que agem como burros e idiotas também, pois não são capazes de compreender uma simples metáfora de José Saramago que foi transportada para as telas com extrema fidelidade.

Uma pessoa com o mínimo discernimento é capaz de perceber que a cegueira descrita pelo escritor português é aquela que nos leva a observar apenas nossos próprios interesses e que por causa disso as pessoas estão se tornando cegas no mundo contemporâneo. A obra de Saramago usa a cegueira como uma metáfora para a falta de comunicação e respeito à dignidade humana na sociedade contemporânea.

O protesto dessa associação é tão estúpido quanto ao das ONGs Conquista Down e Grupo Educação e Autismo, que tentaram fazer um boicote contra o “Trovão Tropical”, por usar o termo “retardado” no filme, que satiriza personagens idiotas como Forrest Gump, Sam (Uma Lição de Amor) e Chance (Muito Além do Jardim). E como sempre, o tiro dessas manifestações sai pela culatra, já que todos querem ver o que “há de errado” nesses filmes.

Segue abaixo o trailer do ótimo Ensaio Sobre a Cegueira, de Fernando Meirelles.

sábado, 27 de setembro de 2008

Adeus, Paul Newman

Morreu nesta madrugada, aos 83 anos, um dos melhores atores de todos os tempos. Paul Newman atuou em quase 60 filmes e interpretou papéis memoráveis.

Levou o Oscar em 86 pelo filme “A Cor do Dinheiro”, interpretando o personagem Eddie Felson, que ele já tinha vivido no excepcional “Desafio à corrupção”, de 61. O prêmio na década de 80 foi uma espécie de retratação da Academia, já que ele havia sido indicado na primeira vez que atuou neste papel.

De sua imensa filmografia eu destaco “Gata em teto de zinco quente”, “Desafio à Corrupção”, as dobradinhas com Robert Redford em “Butch Cassidy and The Sundance Kid” e “Um Golpe de Mestre”, além da animação da Pixar (Carros) e meu filme estrelado por ele predileto “Rebeldia Indomável”.

Segue abaixo uma cena memorável de Rebeldia Indomável onde Luke (Paul Newman) faz uma aposta na cadeia para provar que é capaz de comer 50 ovos cozidos em uma hora. A cena foi “homenageada” por Johnny Knoxville no programa piloto do Jackass.



quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O Clube dos Cafajestes - 30 anos

Já tinha escrito aqui sobre o John Landis. Lamentando como um cara tão bom como ele tenha acabado no ostracismo e fazendo uma porrada de filmes ruins. Mas vamos falar da fase aura do diretor norte-americano já que hoje faz 30 anos que um dos seus melhores filmes estreou: O Clube dos Cafajestes.

É o primeiro filme sobre fraternidades de faculdades e o que revelou ao mundo John Belushi (impagável no papel do troglodita John 'Bluto' Blutarsky), um dos maiores comediantes de todos os tempos. Mais tarde, Belushi e Landis – acompanhados de Dan Aykroyd – trabalhariam juntos novamente no inesquecível The Blues Brothers.

O enredo de O Clube dos Cafajestes é mais do que manjado para a molecada de hoje. Uma dupla de garotos chega à faculdade e depois de serem esnobados pelos riquinhos da Omega House, eles acabam encontrando abrigo na terrível Fraternidade Delta, conhecida por dar festas homéricas (como esquecer da festa da Toga?) regadas a drogas, sexo e rock’n’ roll.

Mas o grande destaque do filme fica por conta de Belushi que protagoniza cenas antológicas como a morte do cavalo, a tentativa de ver as garotas se trocando na fraternidade delas, a citada festa da Toga e a transformação em furúnculo na lanchonete da universidade. Esta última está no link abaixo.



segunda-feira, 16 de junho de 2008

Segunda Chance

Dificilmente eu não dou segunda chance para um filme que não tenha gostado na primeira vez que assisti. Acho mais do que normal mudar a opinião ao rever determinada obra e observar com mais atenção detalhes que passaram desapercebidos na primeira vez.

Obvio que tem filmes que fogem à regra e não preciso assistir novamente o Cine Majestic, por exemplo, para confirmar que o filme é um horror.


Mas isso também é uma faca de dois gumes, já que eu posso apagar a imagem boa que eu tinha de um filme ao assisti-lo novamente. Foi o que aconteceu ontem quando revi o King Kong, do Peter 'Gandalf' Jackson.

O filme é arrastado, longo demais, mal dirigido, com um elenco mal aproveiteado (o que Jack Black, Adrien Brody e o garoto de Billy Elliot fazem ali ninguém sabe). Até os efeitos especiais são fracos. Dá pra perceber que rola um Chroma key pesado em várias cenas.

Se tem uma coisa que se salva no filme, além do próprio Kong, é a ambientação de Nova Iorque nos anos 30. Realmente é um visual maravilhoso, mas que não compensa as intermináveis três horas e cacetada de filme. E como Jackson é dono de um ego gigantesco e só pensa no próprio bolso, claro que ele já tinha planejado uma 'versão para o diretor' em DVD com mais uma hora de enrolação e efeitos digitais superestimados.

segunda-feira, 31 de março de 2008

The Mambo of The Beast

O amigo Adilson Meilheres deu a dica e o Cotidiano Ranzinza foi atrás de mais uma cagada jornalística. A gafe cometida pelo jornal Agora mostra como é perigoso passar matéria pelo telefone para a redação, ainda mais quando o diálogo é protagonizado pela Velha Surda e o Apolonio, no A Praça É Nossa.

O esquema de matéria pelo telefone é o seguinte. Como o jornal tem horário para fechar, nunca dá tempo para o repórter que vai ao evento voltar para a redação para redigir o texto. Existem duas soluções para que o material chegue a tempo. Notebook ou ligar e ditar para quem estiver na redação. A segunda hipótese é a mais utilizada e, por isso mesmo, as cagadas acontecem com maior freqüencia. Principalmente quando quem está do outro lado da linha não entende patavinas do que está acontecendo no evento.

Neste caso foi o show da banda inglesa de heavy metal, Iron Maiden, que tocou no Parque Antártica, dia 2 de março. O repórter foi passando o set list do show e quem atendeu o telefone ou não conhecia a discografia do grupo ou acredita que o mambo (ao invés do rock'n'roll) seja coisa do diabo, já que trocou o nome da música "The Number of The Beast" por "The MAMBO of The Beast". Fantástico.

Clique para ampliar

terça-feira, 25 de março de 2008

O Adeus da Nuvem Nove

Sou a favor de tudo quanto é novidade tecnológica. Detesto esse papinho de que 'na minha época era melhor' ou coisas do tipo 'esse negócio de amizade virtual não existe. largue o micro e vai fazer amigos na rua...'. Acho uma imbecilidade pessoas que pensam como Ed Motta e acham realmente que o vinil é disco de verdade e o CD não presta. Papo babaca de gente presunçosa.

MP3 é uma das coisas mais fantásticas que surgiu neste século e essa era digital permite que você tenha mais acesso a coisas que antes ficava restrito à colecionadores metidos a besta. Jamais teria coragem em desembolsar sei lá quantos mil reais para pegar o vinil do Tim Maia Racional, ou qualquer outra raridade do tipo. O MP3 já me quebra um puta galho.

A única coisa a se lamentar com o advento desta 'nova' tecnologia é que ela não atinge as lojas blockbusters e só prejudica as chamadas lojas de bairro. A nova vítima é a melhor loja de discos de São Paulo: A Nuvem Nove.

Melhor porque tem um acervo fantástico e sem preconceitos. Lá você encontra desde MPB cabeça, até rock progressivo, blues, rock, power pop, pagode, metal, punk e diversos outros subgêneros musicais. Lá, ao contrário das lojas grandes, ninguém fica te importunando perguntando o que deseja assim que você bote os pés dentro da loja. O objetivo lá é fazer com que o cliente fuce a loja à vontade.

E quem não tiver a paciência ou vontade de pesquisar, sempre encontra um funcionário que goste, entenda do babado e saiba te atender da melhor maneira possível. Na Nuvem Nove você pode ouvir o CD que deseja, sem pressão dos donos da casa e mesmo quem está na fila respeita aquele que está com os fones de ouvido.

Lá, além de comprar cds raros, lançamentos e outros por um preço camarada, tive a oportunidade de conhecer ótimas pessoas, como o proprietário (Zé), a balconista (Ju) e um dos vendedores (Bento Araújo), que atualmente edita o ótimo Poeira Zine.

Quem quiser dar uma última conferida, vale a pena. A loja está fazendo um pequeno saldo (20% de desconto em tudo que tem na loja) e nos últimos dias tudo será vendido pela metade do preço. Faz muito tempo que não apareço por lá. Mas era bom saber que existia uma loja como a Nuvem Nove caso eu precisasse de um lugar como este que, a cada dia que passa, fica mais difícil de encontrar. A loja (taí Bruka!!!) fica na Rua Clodomiro Amazonas, 128 (Itaim Bibi) e o telefone é o (11) 3078-7051.

sábado, 15 de março de 2008

10 anos sem Tim Maia

Não tenho o menor saco para mexer aqui no final de semana. Além de ser um dos poucos dias de folga que eu tenho, é o dia da minha coluna semanal no Blog da Fla-Sampa e, porra, eu também preciso descansar né? Mas o aniversário de 10 anos da morte do grande mestre Tim Maia não pode passar em branco.

Polêmico, hilário, maluco, cheirador de primeira, imprevisível, irreverente, irônico, sarcástico e extremamente talentoso, Tim Maia era um monstro. Em todos os sentidos. Compositor de primeira, autor de diversos clássicos e dono de uma voz poderosíssima, com certeza ele sempre será um dos maiores nomes da música brasileira.

Colocarei um link para a matéria que o grande Okky de Souza (com quem eu tive o prazer de trabalhar) escreveu para a Veja de 14 de novembro de 2007 sobre o lançamento da biografia dele, escrita pelo Nelson Motta e dois vídeos do Tim Maia em ação.




sexta-feira, 14 de março de 2008

John Landis

Aqui na assessoria tem tv a cabo. Bom, mais ou menos. Pacote meia boca o suficiente para pegar a Globonews, uma das emissoras mais chatas da face da terra. Só não é pior que as religiosas e políticas. De vez e quando rola um tema interessante. Geralmente mal explorado, como foi o caso do ‘especial’ sobre os 25 anos do álbum mais vendido da história, o Thriller, do Michael Jackson.

Acho que todo mundo sabe que o disco é do caralho, que influenciou uma porrada de gente e foi um marco na história da música pop e, principalmente, na carreira de Jackson, que quando era preto realmente fazia música decente. Além do disco, o clip de Thriller também fez história, já que ele era praticamente um curta-metragem de luxo, com direito a efeitos especiais grandiosos para a época e direção de um cineasta famoso, o John Landis.

Confesso que tinha esquecido este detalhe. Pelo menos para isso essa merda de Globonews serviu. Lembrar do ótimo Landis, dos grandes filmes que ele fez e, infelizmente, de sua decadência que dura anos. Ele é um dos diretores que mereciam uma segunda chance, mas pelo jeito está predestinado a fazer merda. Um triste fim para um cineasta que fez alguns filmes que, dependendo do ponto de vista, podem ser considerados clássicos.

Sim, porque ele não era genial como Orson Welles e muito menos fez um filme revolucionário como “Cidadão Kane”. Mas não é apenas isso que define a importância de um filme. Pelo menos para mim. Acho que o fato de marcar positivamente uma geração faz com que um filme se torne um clássico. E isso Landis fez muito bem.

Principalmente com “Clube dos Cafajestes” (o primeiro filme sobre fraternidades e que revelou o grande John Belushi para o cinema), “Os Irmãos Cara de Pau (novamente com Belushi, dessa vez ao lado de Dan Aykroyd, seu parceiro de Saturday Night Live), “Um Lobisomem Americano em Londres”, “Trocando as Bolas” (que revelou Eddie Murphy, que também fazia parte do time de comediantes do SNL) e “Um Príncipe em Nova Iorque” (talvez o filme mais importante de Murphy, o primeiro que ele interpretou diversos papéis diferentes e que marcou muito a geração anos 80), dentre outros.

O problema de Landis foi não saber parar na hora certa. Depois desses clássicos ele se entregou a bobagens como “Oscar - Minha Filha Quer Casar” (‘comédia’ com Sylvester Stallone) e continuações esdrúxulas como “Os Irmãos Cara de Pau 2000” e “Um Tira da Pesada 3”. Isso fez com que sua carreira fosse para o brejo e que ele caísse, infelizmente, no ostracismo. Uma pena. Ele é um dos poucos que merecia um destino melhor no cinema.