segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Os Melhores Filmes de 2010

Nossa, só agora percebi como deixei o blog de lado. A desculpa é a mesma: trabalho, trabalho e mais trabalho. E um pouco de stress, preguiça e falta de vergonha na cara. Mas vamos voltar a escrever, pois afinal de contas é isso que eu gosto de fazer. Como estou de férias não prometo atualização diária. Mas olharei aqui com carinho. Meu primeiro post do ano é um balanço sobre os 10 melhores filmes que vi no ano passado.

Toy Story 3 – Encabeçando a minha lista está justo o filme que eu mais temia que fosse realizado. Por adorar os dois primeiros longas da Pixar eu achava que dificilmente eles acertariam a mão novamente. Não poderia estar mais errado. O desfecho da trilogia Toy Story é sublime, tão bom ou até melhor que os anteriores. Com Andy na adolescência e prestes a ingressar na faculdade, os brinquedos vão para um novo lar. Eu concordo plenamente com as palavras do crítico de cinema Inácio Araújo, que escreveu em seu blog: “a melancolia, a finitude, o abandono, o esquecimento, o fim do amor. É disso que o filme trata. Acho que o Bergman adoraria. O único cinema adulto de Hollywood hoje em dia são as animações. Parece piada”. Sublime.

A Origem (Inception) – Depois do sucesso de Batman – O Cavaleiro das Trevas, o diretor Cristopher Nolan volta arrasando com o seu misterioso A Origem. A trama do filme foi guardada a sete chaves durante o período de produção e todo o mistério envolvendo o filme, o roteiro brilhante, suas pontas soltas propositalmente e o final aberto conquistou o espectador. O melhor de tudo: fez o cidadão sair da poltrona e pensar, pesquisar e discutir sobre o que de fato aconteceu. Lembrou os bons tempos de Lost, quando logo após assistir o episódio, o espectador ia para internet pesquisar nomes e fatos, além de discutir em fóruns. O filme lembra produções sobre “grandes assaltos”,onde a equipe de Leonardo Di Caprio invade os sonhos das pessoas para roubar seus segredos. Seu último desafio, porém, é diferente. Ele precisa invadir um sonho e plantar uma idéia na cabeça de um indivíduo.

Um Profeta (Un Prophète) – Apesar de ser de 2009, o filme só entrou em cartaz no Brasil em 2010 (que novidade). O ótimo trabalho do diretor francês Jacques Audiard conta a história de Malik El Djebena. Um jovem ladrão pé rapado e analfabeto que aos 19 anos cai numa prisão barra pesada liderada por prisioneiros corsos, refugiados políticos na França, que não se misturam com os muçulmanos. Até certo ponto inocente, Malik é “recrutado” pelo líder da cadeia para fazer “missões” para eles. Ele aprende o jogo rápido e por ter descendência muçulmana aos poucos cresce na cadeia e o ladrãozinho acaba se tornando um grande criminoso.  Um filmaço.
Carlos – Cinebiografia de um dos nomes mais temidos da década de 70, o terrorista Ilich Ramírez Sánchez, mais conhecido como Carlos, o Chacal. Natural da Venezuela, ele se autodenominava um revolucionário de esquerda e mercenário. O filme tem incríveis 5h30 de duração, mas é possível assisti-lo em três partes (o que é uma pena, pois o ideal é ver mesmo tudo na seqüência). O belo trabalho do diretor Olivier Assayas retrata as duas décadas de ação do Chacal. Desde a sua luta pela causa palestina, seus trabalhos para o governo soviético e uma série de atentados pela Europa. O filme retrata de maneira bem neutra os períodos da vida do Chacal. Sua ascensão, seu auge e sua queda. Filme obrigatório e imperdível.

Cisne Negro – Embora o filme só chegará aos cinemas brasileiros em fevereiro deste ano, eu já tive a oportunidade de assisti-lo. Darren Aronofsky acerta em cheio na direção deste longa estrelado pela bela Natalie Portman (barbada para o Oscar de Melhor Ariz em 2011). Ela interpreta a certinha e obediente bailarina Nina, que sonha estrelar o espetáculo “O Lago Dos Cisnes”. Ao mesmo tempo que ela interpreta perfeitamente o cisne branco, ela não consegue encontrar o timing certo para interpretar o cisne negro. Fato que só consegue mudar com a chegada da novata bailarina Lily, que está prestes a roubar o seu papel, e faz com que Nina conheça o seu lado negro. Como bem disse o amigo Rodrigo Salem, é “o melhor filme de horror dos últimos 10 anos. Polanski deve estar orgulhoso”.  E bota orgulho nisso, é um filme do Polanski que nem o próprio Polanski consegue mais fazer.

O Segredo dos Seus Olhos – O cinema argentino está anos luz na frente do brasileiro. Prova disso é o belo O Segredo dos Seus Olhos, que faturou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro no ano passado. O diretor Joan José Campanella convoca novamente seu ator predileto Ricardo Darín (trabalharam juntos em O Mesmo Amor, A Mesma Chuva; O Filho da Noiva e o Clube da Lua) para contar a história de Benjamín Espósito, um ex-funcionário público que resolve escrever um livro quando se aposenta. O tema é um caso policial não resolvido, que ele tenta resolver enquanto relembra dele para o seu livro. Só a cena da perseguição no estádio do River Plate lotado vale o filme. Sem contar o final que é surpreendente.

Tropa de Elite 2, O Inimigo Agora é Outro – 10 anos de passaram e o Capitão Nascimento se torna Comandante Geral do BOPE. Depois de uma situação desastrosa em um presido ele acaba ganhando moral e se torna Sub Secretário de Inteligência do Governo do Estado. Em seu novo cargo, ele conhece o mundo fora dos morros cariocas e começa a enxergar melhor o problema do tráfico de drogas, percebendo que os políticos e policiais envolvidos em milícias são bem mais nocivos que a bandidagem do morro. Wagner Moura está excelente no papel que o tornou pop star, mas o grande destaque do filme é Irandhir Santos, que interpreta o deputado Fraga, defensor dos direitos humanos, marido da ex de Nascimento e que exerce grande influência sobre o filho do policial. Não é uma obra-prima como o primeiro filme, mas é um filmaço e que já se tornou (com muita justiça) o recordista de público da história do cinema brasileiro e o filme mais assistido no Brasil em 2010.

Machete – O que era uma brincadeira virou uma bela realidade. Um trailer falso criado pela cabeça doentia de Robert Rodriguez para ilustrar o seu projeto Grindhouse, ao lado do amigo Quentin Tarantino, caiu no gosto popular e ele se viu obrigado a fazer o longa de Machete. Danny Trejo é Machete. Um agente federal e imigrante mexicano que cai em uma armadilha arquitetada por seu arquiinimigo, o traficante de drogas Torres (Steven Seagal, hilário), que resulta na morte de sua esposa e o torna um renegado. Nos EUA, ele aceita uma proposta para para matar o Senador John McLaughin (Robert DeNiro), que quer expulsar todos os imigrantes ilegais do México. O elenco ainda tem nomes de peso como Jessica Alba, Michelle Rodriguez e Lindsay Lohan, além do Miami vice Don Johnson.

A Rede Social – Pra mim essa foi a grande surpresa do ano. Jamais pensaria que fosse me interessar pelo filme que conta a história da criação do Facebook. Mas o diretor David Fincher surpreendeu e realizou um belo trabalho. O filme mostra como o estudante Mark Zuckerberg teve a idéia (roubou, na verdade) de criar o site quando ainda era estudante universitário e sua personalidade fria e calculista.

Vincere – O extraordinário filme de Marco Bellochio mostra a vida de Benito Mussolini, antes dele se tornar o grande líder do fascismo. No início de sua carreira política ele se apaixona por Ida. Ela se torna a grande incentivadora de Mussolini, chegando a vender tudo o que tinha para ajudá-lo, financiando o projeto de um jornal que ele tinha na época. Mas ao engravidar dele, tudo vai por água baixo. Ela é abandonada e trancada em um hospício como se fosse louca para que não tivesse condições de realizar aquilo que mais desejava: Revelar ao mundo que ela era mulher de Mussolini e foi abandonada juntamente com o seu filho.