sexta-feira, 12 de novembro de 2010

John Belushi Eterno

O André Forastieri escreveu essa semana no seu blog um texto sobre cocaína. Nele, ele cita o comediante John Belushi (morto por overdose em 1982) e linka para um vídeo dele imitando o Joe Cocker cantando With a Little Help From My Friends, dos Beatles. Eu não lembro de ter assistido isso, mas, assim como quase tudo o que o Belushi fez, é brilhante e antológico. Divirta-se.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Muita Muita Muita e Muita Calma Nessa Hora

Não faço a menor idéia de como aquele intragável “A Cilada”, do filho do Chico Anysio, Bruno Mazzeo, faz tanto sucesso no canal pago Multishow. Além de liderar audiência da emissora, colocou o humorista num nível elevado do humor nacional, classificando-o como um dos grandes roteiristas do gênero da nova safra de comediantes. E olha que isso não é piada não. Talvez seja parte daquele processo que citei anteriormente sobre o emburrecimento generalizado que essa geração avatar atravessa, vai saber...

Desde o ano passado rola um burburinho que Mazzeo seria um dos “cérebros” por trás do novo humorístico da Globo ao lado de outro comediante da moda, Fábio Porchat. Chegaram, inclusive, de classificar o projeto como o “Novo TV Pirata” (que blasfêmea). O resultado é esse tal de “Junto e Misturado”, que está para o TV Pirata, assim como o Val Baiano está para o Romário.

E como todo desgraça pouca é bobagem, Mazzeo chegou ao cinema. Assisti o trailer do seu filme (Muita Calma Nessa Hora) na sessão do Tropa de Elite 2 e é disparado mais violento que o filme do José Padilha. A comédia carioca, com praias, sorriso maroto, saradas e saradinhas, amigos humoristas no elenco, piadas batidas, brodagens, suuuuuurrrrrf, colééééééééés, feiiiiiixxxxxxtasssssss e afins é uma agressão mental. Muito mais possante que os tiros dos Caveiras. Isso sim é osso duro de roer.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

15 Anos Sem Costinha

Hoje faz 15 anos da morte Costinha. Indiscutivelmente um dos maiores humoristas da história do nosso país. Especialista em contar piadas de bicha, improvisar em shows e que fazia graça com tudo e com todos com maestria.

A primeira vez que vi um show dele ao vivo eu tinha 14 anos de idade. Foi no clube Portuários em Santos. O local estava abarrotado de policiais e membros do juizado de menores. Meu tio Flávio, que já tinha sido diretor do clube, conseguiu me colocar para dentro dizendo que eu estava prestes a completar 18. O porteiro olhou minha carteirinha de sócio e trucou meu tio na hora. “Porra, Flávio, o garoto não tem nem 15”. Depois de um pouco de insistência o porteiro cedeu. “Beleza, mas tu vai ficar sentado na mesa né? (meus pais tinham reservado uma). Não sai de lá por nada porque ta cheio de gente do juizado aqui”.

Fiquei feliz pra cacete. Finalmente ia ver ao vivo a performance do grande Costinha. Ia conferir de perto as piadas que cansei de ouvir nas fitas cassete do “Peru da Festa”. O show foi fodaço, mas quase me mijei nas calças quando ele começou a andar pelas mesas e brincar com a platéia. Por sorte ele não me viu. Se me visse com certeza ia brincar com a minha idade e atrair a atenção do juizado de menores. Mas tudo bem. Poderia até ser fichado naquela noite. Ficaria feliz do mesmo jeito.

Abaixo, alguns momentos brilhantes do saudoso mestre Costinha.







sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Hiperescroto

A Globo volta a insistir nesse Hipertensão. Não dá para entender o que passa na cabeça da direção da emissora em continuar acreditando que esse formato escroto vai dar audiência ou prestígio para eles.
 
Pior é a coitada da Glenda Koslowski que apresenta o programa visivelmente constrangida no meio de gente marombada e mulheres gostosas que se limitam ao mais baixo nível para ganhar dinheiro, ficar famoso e, quem sabe, posar nu(a).

Se não me engano essa é a mesma porcaria que já foi apresentada pelo Zeca Camargo e Paulinho Vilhena (se bem que esse merece mesmo ficar em programa escroto) e não deu nenhum resultado positivo. Audiência baixa e enxurrada de críticas marcaram as temporadas anteriores deste programeco cujo único objetivo é ridicularizar esse bando de imbecil acéfalo que não se importa em se degradar para conseguir um pouco de sucesso.

Eu não sei qual é o formato, mas me parece um No Limite com provas e brincadeiras esdrúxulas. Não sei e nem quero saber quanto o idiota que agüentar ser humilhado por mais tempo vai ganhar e tão pouco até onde isso chegará. O tempo que perdi assistindo a esse espetáculo deprimente foi um minuto.

Tempo o suficiente para ver um dos participantes se deliciar com um “suco” que continha fígado, gordura animal e óleo. Me admiro ver a principal emissora do país (e uma das maiores do mundo) deixar ir ao ar um treco desses. E gostaria de saber o que se passa na cabeça da Glenda Koslowski, que já foi quatro vezes campeã mundial de bodyborard e apresentadora do Globoesporte, ao ser obrigada a participar desse show de horrores. Lixo.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A Minha Versão do Trash 80's

Eu nunca fui fã desse revival anos 80 (que agora já está entrando nos 90). Esse sentimento nostálgico trash que o povo tem com o Trem da Alegria e Xuxa, por exemplo, não faz a minha cabeça. Mas ontem, sem querer, eu entendi um pouco o porquê dessa febre.

Mas a minha nostalgia veio com o cinema e não com a música. Mais precisamente com dois fimes: Gatinhas e Gatões, do saudoso John Hughes, que escrevi aqui (clique para ler) na época de sua morte e foi exibido no telefilme; e o Pesadelos Diabólicos, uma coletaneazinha com quatro histórias de terror que me conquistou na época (eu sempre adorei filmes trash de terror).

Duas histórias são extremamente bobinhas. A primeira, "Terror em Topanga", que conta a história de uma mulher perseguida por um maníaco que está aterrorizando a cidade; e a quarta, “A Noite do Rato” que mostra a luta de uma família contra um ratão gigante (o bicho parece um pônei) que está destruindo sua casa.

O interessante mesmo é o miolo. O segundo conto, “O Bispo da Batalha”, talvez seja o primeiro filme do Emilio Estevez. Ele é um viciado em fliperama que tenta vencer o jogo do bispo do título. Como foi justamente nessa época que eu comecei a entrar (sem que meu pai soubesse, claro) em flipers, eu pirei com a história. O conto seguinte, “A Benção” era outro petardo. Um padre que perdeu a fé (interpretado pelo Lance Henriksen – que ficou famoso no papel do andróide Bishop nos dois primeiros Aliens) e se manda da igreja. Viajando de carro pelo deserto ele começa a ser perseguido por um carro negro, que tenta mata-lo a todo custo, colocando sua fé novamente em xeque.

Ver esses dois filmes, que marcaram a minha infância e adolescência, me fez lembrar de como comecei a amar cinema. A minha geração viu o nascimento do vídeo cassete. Sou de um tempo que quando uma continuação estreava nas telonas, os cinemas exibiam o filme original para refrescar a cabeça de quem já viu e atrair aqueles que não viram o longa na sua época de lançamento.

Lembro até hoje que foi numa segunda-feira, em março de 1985, quando estava na quarta série do primeiro grau, que voltei pra casa feliz da vida com meus pais porque fomos sorteados no nosso primeiro dia de consórcio (bendito número 13) para a compra de um vídeo cassete. Hoje isso é considerado banal por todo mundo, mas naquele ano, ter um “cinema em casa” era inédito. Eu fui o primeiro da rua, do bairro e da escola a ter uma maravilha daquelas: Um sharp, duas cabeças, controle remoto com fio que pesava uns 20 quilos.

No dia seguinte, eu, meu irmão e meu pai fomos à locadora que pertencia ao grupo da concessionária (hoje uma concessionária de carros). Lá tinha um vídeo clube, uma das idéias mais geniais que vi na vida. Você pagava uma quantia por mês e podia levar dois filmes por dia. Eu ia religiosamente todo santo dia na Pinhal e voltava felizão pra casa com um filme (o outro era do meu irmão).

Se por um lado eu pegava minhas fitas trash ou blockbuster da época, meu pai ia vez ou outra buscar um policial à lá Charles Bronson ou algum clássico e o Sérgio, como já entendia do riscado, pegava filme de qualidade. E com isso eu fui moldando mais ou menos o meu gosto atual (sendo que não tenho muito mais saco pros trashs, apesar deles ainda me divertirem um bocado).

Foi uma época muito boa. Se por um lado eu não tinha a facilidade para baixar filme pelo computador, eu contava com o acervo “alternativo” das locadoras de Santos. Além disso, com o tempo eu aprendi a copiar filmes (dava um puta trabalho juntar dois vídeos para fazer uma pirataria bacana) e comecei a criar o meu acervo particular. Óbvio que as fitas praticamente apodreceram e tive que joga-las fora com uma dor imensa no coração. Mas elas tiveram seu ciclo encerrado e tomado pelos DVDs, que seguem firmes e fortes nas minhas prateleiras.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A Despedida de Jack Bauer

Hoje vai ao ar pelo canal FOX o último episódio da oitava e derradeira temporada de 24 Horas. Sem entregar o final (mas já prevendo), escrevi sobre os últimos momentos de Jack Bauer e da série, que teve um início maravilhoso e um final melancólico. Clique aqui e leia.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sherlock - BBC

Esta semana consegui assistir a minissérie “Sherlock”, da BBC, baseado no personagem mais famoso de Sir Arthur Conan Doyle. Pra variar não se sabe se vai ou quando passará na televisão brasileira, mas ainda bem que temos a internet para nos livrar desse descaso das nossas tevês. Essa “primeira temporada” teve apenas três episódios. Eram para ser quatro, mas a emissora resolveu cancelar um porque não gostou do piloto.

Estrelada por Benedict Cumberbatch (Sherlock Holmes) e Martin Freeman (Dr. Watson) a série apresenta uma versão contemporânea do detetive (Holmes agora usa celular e notebook). Apesar de não viver mais no século XIX e ter trocado o cachimbo pelos adesivos de nicotina, Holmes continua com algumas de suas principais características, principalmente a personalidade, inteligência, conhecimento e a paixão pelo violino. Além disso, a série faz uma pequena alusão ao seu vício pela cocaína. Discreto, mas dá para sacar que Sherlock ainda dá seus tirinhos de vez em quando. E não, não ouvimos Holmes dizer nenhuma vez “elementar, meu caro Watson”.

Diferente do cansativo filme de Guy Ritchie, que fez um puta samba do crioulo doido, meio que misturando elementos de seus filmes anteriores com o universo de Holmes, a série da BBC é mais dinâmica, cheia de charadinhas para prender o espectador e com um belo entrosamento entro os atores principais. Moriarty, o arqui-inimigo do detetive está presente e fecha o terceiro episódio com um ótimo cliffhanger para a segunda temporada (que já foi confirmada pela emissora).

O primeiro episódio é realmente o mais fraquinho e é o que mais remete a obra de Doyle. O título "A Study in Pink" faz uma homenagem a “Um Estudo Em Vermelho”, livro que apresentou Sherlock Holmes ao mundo. A história mostra uma série de suicídios que acontecem em Londres, atraindo a atenção de Holmes. Como todo piloto (mesmo que no caso de Sherlock cada episódio tenha 90 minutos de duração), perde-se muito tempo apresentando personagens. Mesmo assim, ele não decepciona. Todos os elementos do universo sherlockiano são apresentados e o caso, apesar de simples, é bem resolvido.

Em “The Blind Banker” a coisa começa realmente a esquentar. Com um caso mais complexo, envolvendo a máfia chinesa e o roubo de um artefato precioso da China, Holmes precisa quebrar a cabeça para ligar todos os pontos e resolver o caso de dois assassinatos que, assim como o episódio anterior, foram disfarçados como suicídio. Por fim temos "The Great Game", que fecha a primeira temporada de maneira brilhante, com um excelente jogo de gato e rato protagonizado por Holmes e Moriarty.

Digamos que Sherlock está longe de ser uma grande produção ou uma série que vai atrair multidões. Mas, assim como os livros, do Doyle, é diversão pura. Simples e muito bem feita. Melhor que muita produção meia boca cheia de pompa que vemos por aí. Pode assistir na boa. Não vais se decepcionar.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Origem

Fazia tempo que um filme não me causa tanto impacto quanto “A Origem”, o novo trabalho do diretor, roteirista e produtor Christopher Nolan. Quando digo isso eu excluo animações como o maravilhoso “Toy Story 3” e filmes independentes como o magistral “A Prophet”, que além do mais é do ano passado (mas eu só vi este ano).

Mas fazia um bom tempo que um blockbuster não me empolgava tanto. Pois esse “gênero” atualmente virou sinônimo para filme de super-heróis, que se preocupa mais com as estratégias de marketing do que com o conteúdo do filme.

Felizmente o filme de Nolan foge à regra. Ele, que ganhou notoriedade com um filme de super-herói (a nova franquia do Batman), tem a liberdade como poucos para realizar um trabalho mais autoral, sem fugir do padrão blockbuster. Consegue entreter sem emburrecer o espectador. E faz isso com maestria, sem cabecice ou enredos muito complexos. A Origem é bem compreensível (basta um pouco de atenção para entender tudo), com pontas soltas propositais para gerar discussões acaloradas e um final “meio aberto” para aguçar ainda mais o espectador.

Acredito que todos já conhecem a trama do filme. Leonardo DiCaprio é uma espécie de espião industrial que consegue invadir o sonho de quem quer que seja para lhe roubar seus preciosos segredos. Contratado por Ken Watanabe, ele precisa fazer algo mais complexo. Plantar uma idéia na cabeça de uma pessoa. A missão já é bem arriscada e complexa e para dificultar ainda mais ele sofre com esposa morta, que cisma em aparecer para ele durante suas invasões aos sonos alheios. Ele não consegue controlar o seu inconsciente por se sentir responsável pela morte dela.

O filme se assemelha muito aos filmes de “roubos perfeitos”, com a diferença de migrar para o mundo dos sonhos, onde os protagonistas perdem o controle das situações e, neste caso específico, passar por vários estágios dos sonhos para alcançar tal objetivo. O visual é impecável, principalmente em uma tela grande (corra para a sala Imax), com efeitos visuais de primeira e ótimas cenas de ação. E o melhor de tudo: nada de efeitos em 3D, que já deu no saco.

Não dá para falar mais coisas sobre o filme porque se abrir muita coisa ele perde a graça. Mas é um belo filme, com um roteiro inteligente e muito bem resolvido, ótimas atuações (só a menina do Juno que é fraquinha mesmo), bem humorado e divertido. Um blockbuster de primeira.

Se você só conhece o trabalho de Nolan a frente da nova franquia do Batman, recomendo assistir seus dois primeiros filmes (“Amnésia” e “Insônia”), além de “O Grande Truque”. Com certeza você não irá se decepcionar.


quinta-feira, 29 de julho de 2010

Get Down Comedians

Quando o stand up comedy engrenou no Brasil e uma nova safra de comediantes nos foi apresentada, eu comemorei. Acreditava piamente que a chegada dessa vertente humorística colocaria fim a programas constrangedores como Zorra Total, Show do Tom, Casseta e Planeta, A Praça É Nossa e outros do gênero. Mas o sonho durou pouco e acabou. Pior, se tornou um pesadelo. Pois esses novos humoristas além de não trazerem nenhuma novidade, provaram que bebem da mesma fonte que os programas antigos, utilizando a mesma fórmula esgotada, repleta de trocadilhos e piadas de duplo sentido.

Uma das raríssimas exceções é o polêmico Pânico na TV que, embora não agrade gregos e troianos (eu acho fantástico), segue uma linha de raciocínio diferente dos demais: O objetivo é o escracho puro e simples, sem lição de moral ou defesa de causa. Por essa falta de pudor eles vão do céu ao inferno, com tiradas geniais e episódios lamentáveis. Mas sempre seguindo a mesma linha de pensamento. Por isso, acho que a trupe de Emílio Surita (principalmente Carioca e César Polvilho) é a única coisa que se salva a TV Aberta. Por que o resto... É de amargar. Quer exemplos?

Seu primo de primeiro grau, o CQC estreou cheio de pompa apostando no talento de Marcelo Tas, na nova safra de humoristas de stand up como Rafinha Bastos, Danilo Gentili e Oscar Filho, além de Marco Luque, que brilhava com seus personagens no Terça Insana. O programa começou muito bem, conquistando uma platéia nova, formada principalmente de jovens que já conheciam boa parte desses humoristas graças à internet, mas o sucesso subiu a cabeça da rapaziada e seus humoristas se tornaram “jornalistas” e o que é pior: paladinos da justiça.

Nada contra intimar políticos, autoridades e pessoas que se aproveitam dos demais em benefício próprio. Muito pelo contrário, essa gente tem que ser cobrada mesmo. Mas com limites. O que o povo do CQC faz no quadro Proteste Já beira o ridículo. Não é porque o “fraudador” age errado que o repórter do programa precisa fazer o mesmo. Tanto Danilo Gentili quanto Rafinha Bastos não dão chances ao acusado se defender, como chegam ao cúmulo de “seqüestrar” um pertence do sujeito, com a desculpa de devolver quando o problema for solucionado. Com que autoridade eles fazem isso? Essa pose de paladino da justiça é simplesmente revoltante. Além disso, o CQC caiu muito de qualidade com a inclusão da humorista feminina fanha. Sem graça, ela não dá uma bola dentro. Dá pena da coitada... Além disso, assim como os Gremlins, o programa foi molhado e se multiplicou, dando origem a outras duas desgraças chamadas A Liga e Formigueiro.

A Liga é apresentado por Rafinha Bastos, Thaide e duas outras que não lembro o nome, não tenho o menor interesse em saber quem são e muito menos procurar o nome delas no google. É uma cópia barata e sem um pingo de originalidade de outras atrações estilo “sentindo na pele”. Nada que não tenha sido feito com maestria por Michael Moore no extinto TV Nation ou por Louis Theroux em seus “Estranhos Finais de Semana...”. Até Gugu Liberato já fez a mesma coisa que os revolucionários novos humoristas. E é claro que aqui, a pose de paladino da justiça e luta social impera. Sempre da pior maneira possível. Uma lástima.

Bem pior que A Liga é o Formi-gueiro de Marco Luque. Uma das coisas mais banais que surgiu na história da televisão mundial. Até o Teletubbies tem mais conteúdo que essa boçalidade apresentada pelo humorista, que é ajudado no palco por um cientista maluco (quanta originalidade...) e uma dupla de “bonecos formiga” carinhosamente chamada de Tana e Jura (aaahhh esses incríveis trocadilhos...).

Mas a grande desgraça mesmo atende pelo nome de Legendários, projeto “desenvolvido” pelo magnânimo, super-poderoso e ultra-hiper-mega modesto Marcos Mion que definiu sua atração como uma revolução na televisão brasileira. UAU!!!!!! Mas... a coisa não é bem assim... Mionzera acha que está descobrindo a pólvora e inventando a roda com o seu “humor do bem”. Manja vergonha alheia? É o que sentimos quando assistimos o Legendários. O programa compete com a Zorra Total e consegue ser muito mais broxante que o humorístico da Globo. Além de quadros caretóides em prol do meio-ambiente e politicamente corretos (olha a síndrome do paladino da justiça atacando aqui também), a atração da Record conseguiu acabar com a trupe do Hermes e Renato, que era uma das únicas coisas que prestava na MTV. O programa é tão ruim, mas tão ruim que em pouco tempo já decepou três cabeças: A de um pára-quedista que não se sabe o que fazia ali, uma ex-BBB que fazia o papel de bunda e o negro que fazia uma espécie de super-herói ajudado por um anão. Triste.

E olha que nem a TV Paga se salva. Ou alguém consegue assistir o programa vagabundo do filho do Chico Anysio, que é considerado um dos melhores comediantes  e roteiristas dessa nova geração? E você acha que não pode piorar mais? Pois saiba que Serginho Mallandro e Nanny People estão se aventurando no stand up comedy. E lotando teatros... Já deu né? Juro que bateu uma saudade do Apolônio e da Velha Surda...

terça-feira, 25 de maio de 2010

Lost - The End


Se tivéssemos que usar apenas um adjetivo para classificar Lost, tenho certeza absoluta que o termo mais ideal seria “revolucionário”. A série foi um marco na história da TV mundial e mudou a maneira de assistir televisão. Graças ao seu roteiro enigmático e muito bem trabalhado em suas primeiras temporadas, o programa tirou o espectador do sofá e o colocou na frente do computador. Seja para baixar o episódio horas depois de sua exibição na TV americana, ou para procurar em fóruns e sites de relacionamento as referências citadas durante os seus 40 e poucos minutos de exibição.

E não era pouca coisa. Filosofia, ciência, religião, física, política, matemática, literatura... Tudo fazia parte do universo Lost. Um simples nome de personagem era motivo de buscas e mais buscas de significados e ligações com outros nomes, coisas ou lugares. Além disso, a série tinha personagens carismáticos, porém “quebrados”. Dando a impressão de que todos ali tinham um motivo para sobreviver a queda do vôo 815 da Oceanic e ingressar no mundo fantástico daquela ilha misteriosa.

As duas primeiras temporadas foram um primor. A luta pela sobrevivência, aliada aos mistérios da ilha (uma escotilha no meio do mato, um monstro de fumaça, antigos moradores da ilha, uma francesa que vive sozinha há 16 anos lá e um urso polar correndo em uma floresta tropical, por exemplo) e com os dramas externos de cada personagem conquistou o espectador e transformou Lost em uma religião. Adeptos ao novo ‘culto‘ surgiam a cada dia, promovendo discussões infinitas e teorias cada vez mais complexas para tentar elucidar os enigmas do seriado. Quem são os Outros? Por que a Ilha tem o poder de curar? O que é a Iniciativa Dharma? Eram umas das zilhões de perguntas que faziam parte deste novo universo.

No terceiro ano da série, Lost começou a perder o fio da meada. Ao dar voz aos sobreviventes figurantes das temporadas anteriores (o que era o personagem de Rodrigo Santoro???) não responder nenhuma das questões lançadas e ficar muito tempo focada na vida dos Outros (que não levou a séria a lugar algum), os fãs começaram a ficar irritados (com razão), a audiência começou a cair e os produtores vieram a público falar que “praticamente tudo seria explicado e que a ilha não era um purgatório e muito menos o sonho de algum personagem”.

Mas a partir daí o que se viu foi muita encheção de lingüiça, sub-tramas que não levavam a lugar algum, novos personagens e novos mistérios aparecendo cada vez mais e a esperança de que teríamos uma explicação lógica para tudo sendo enterrada de vez. A ciência deu lugar a ficção científica, com viagens no tempo e realidades paralelas, e a filosofia e literatura parecem terem caído nas mãos do Paulo Coelho.

Mas o pior ainda estava por vir, quando a sexta e última temporada começou e Lost rumou para um caminho extremamente perigoso: O misticismo. Permitindo assim que tudo fosse ‘explicado’, sem que nenhuma explicação fosse dada realmente.

O mistério e a ciência morreram. O que se viu foi a luta entre o bem e o mal. O branco contra o preto. E a busca por uma luz (sim, uma luz) que seria o coração da ilha e deveria ser protegida do monstro de fumaça. Além disso, tínhamos uma realidade paralela, onde os ‘losties’ tinham uma vida mais digna, não sofriam dos males que o atormentavam na vida real e não eram sobreviventes do vôo 815 da Oceanic, pois o avião que saiu da Austrália, cumpriu sua rota normalmente aterrissando em Los Angeles sem problema algum.

Não me pergunte como, mas os personagens na realidade paralela começaram a se lembrar da outra realidade, os losties se lembraram uns dos outros e acabam promovendo um encontro em uma igreja (ou templo religioso qualquer, não dá para saber com exatidão) para enfim chegarmos a uma conclusão não tão conclusiva: A realidade paralela, e não a ilha, era o purgatório. E chegamos a um final no melhor estilo Guerra nas Estrelas, com os personagens principais se abraçando e felizes. Só faltou a salva de palmas.

Lost reuniu ao longo dos anos elementos que poderiam marcá-la como a maior série de TV de todos os tempos, mas os produtores jogaram tudo pelo ralo ao cederem a pressão dos executivos da ABC para alongar o enredo por mais temporadas e acabou se perdendo dentro de sua própria ganância e ambição.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

As Últimas Horas de Jack Bauer

Estou assistindo a oitava temporada de 24 horas apenas porque é a última.

Juro que não tenho mais saco e não sei como as pessoas ainda conseguem agüentar a imortalidade de Jack Bauer e a fórmula requentada que os produtores utilizam e re-utilizam desde a terceira temporada. O que poderia ter um destino maravilhoso acabará de maneira decepcionante, tediosa e esgotada.


Sim, poderia ter um destino fabuloso. A idéia era original, empolgante e muito arriscada. Como o próprio nome diz, a temporada se resume a um dia inteiro na vida do agente federal especialista na luta contra o terrorismo Jack Bauer e cada capítulo significava uma hora do dia, sendo exibido no tempo real que os eventos aconteciam (aquele reloginho na tela é o máximo).

Outro risco, o protagonista é Kiefer Sutherland – um ator bem fraco, com uma carreira cinematográfica desastrosa onde pouca coisa se salva (e o que se salva não é graças a sua atuação). Mas a personalidade do cara o coloca no rol dos atores ‘cools’ de sua geração como Robert Downey Jr e Charlie Sheen, por exemplo, por causa de sua relação ‘amigável’ com álcool e drogas, e isso contou como ponto a favor.

O projeto era tão arriscado que a Fox autorizou somente a gravação de um mid season para ver se o público comprava a idéia. Com 12 capítulos (ou 12 horas, se você preferir) em mãos, os produtores criaram um ‘final’ após a metade do dia de Bauer, mas com uma sutil abertura para continuar, caso o público desse o aval. Claro que foi isso que aconteceu e rendeu oito temporadas para a emissora.

Apesar da inovação, o enredo já dava sinais de que não poderia ir muito longe. Afinal de contas, ninguém tem 24 horas tão intensas assim, com uma porrada de subtramas, traições e revelações repletas de fortes emoções como Jack Bauer, os terroristas, o governo norte-americano e tudo mais.

E a partir da terceira temporada a gente já percebe o desgaste e a mesmice do roteiro. É sempre aquilo. Um vilão ameaça os EUA. Jack Bauer é acionado. Os chefes burocratas odeiam o jeitão cavaleiro solitário do herói e o boicotam. Alguém da unidade o ajuda pelas costas dos burocratas. Eles acabam se rendendo ao estilo dele porque ele é fodão e mata muita gente. O vilão morre, mas aparece um outro vilão, que é muito mais fodão e era o cérebro por trás de tudo. Alguém da unidade é um traidor e ajuda os terroristas. Alguém da Casa Branca também é traíra e ajuda esse vilão fodão. Jack Bauer bota pra fuder e mata todo mundo. Tudo isso em apenas 24 horas. Muita coisa pra pouco tempo, não?

E a temporada final não foge disso. A traidora da unidade já se revelou, o terrorista inicial já foi pro saco, os traíras da Casa Branca já tentaram ferrar a vida da presidenta, os burocratas estão com Bauer e ele está puto dos cornos e quer botar pra fuder. Tudo se encaminha para um final previsível e feliz.

Mas torço para que os produtores ainda tenham um pouco de bom senso e brindem os fãs com a morte do personagem principal. Não seria tão surpreendente assim, mas serviria para devolver um pouco da dignidade que 24 Horas já teve. Mas duvido que isso aconteça. Pobre Bauer... Triste fim...

quarta-feira, 24 de março de 2010

O Circo Nardoni

Assim como essa desgraça chamada Big Brother Brasil, é impossível não ler, ouvir ou assistir qualquer notícia ou discussão envolvendo o caso da menina Isabela. Seja no metrô, no bar, no site de esportes ou em qualquer lugar encontramos um comentarista, um analista e um expert de BBB ou do Casal Nardoni.

Eu tento desesperadamente fugir, mas infelizmente não consigo. E também não consigo encontrar o culpado por esse carnaval feito às custas da morte precoce e brutal da menina. Tanto a imprensa brasileira quanto a população se colocam numa situação ridícula, explorando o caso da maneira mais baixa e vulgar, tornando a “cobertura jornalística”, em um circo deprimente.

O povo consegue ser pior. Ávida por “justiça”, parte da população chega ao cúmulo de madrugar na porta do fórum para acompanhar de perto o julgamento. Bradando palavras de ordem, gritando feito macacos, alguns imbecis chegam ao cúmulo de levar os próprios filhos para o local. Não contentes, exploram a inocência das crianças obrigando-as a mostrar cartazes com fotos da menina assassinada. Tem até um infeliz, que veio não sei de onde, para se acorrentar na porta do fórum e clamar para que o(s) culpado(s) paguem pelo crime hediondo.

Não estranhe eu escrever assassino(s) no singular e plural, pois eu não tenho certeza quem é(são) o(s) culpado(s) pelo crime. Não defendo o casal, mas também não acuso, pois não tenho o total conhecimento dos fatos. Isso (eu espero) que seja revelado no final do julgamento, com provas conclusivas e não com o festival de “achismos” que presenciamos até este momento.

Terrível é ver a população se banhando no sangue da menina, os principais portais do país criando blogs para acompanhar “minuto a minuto” o andamento do julgamento, como se fosse uma partida de futebol e a população fazendo um escarcéu danado para ganhar seus 15 minutos de fama na televisão.

Eu acho que a menina precisa de um julgamento sério, que o(s) culpado(s) pague(m) pela barbárie e, principalmente, que imprensa e população aprendam a ter um pouco de dignidade e parem de transformar a vida das pessoas em espetáculos vergonhosos como o que estamos presenciando.

Enquanto isso, na casa mais famosa do Brasil...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Oscar 2010

Sei que estou devendo o ‘finale’ do post do Metallica, mas para variar o meu tempo foi pro espaço e o blog foi deixado um pouco de lado novamente. Como o evento de ontem está mais fresco, vamos a ele. Ainda mais porque este foi um dos raros anos que eu consegui ver todos os filmes que concorriam aos principais prêmios antes da cerimônia de entrega do Oscar.

A melhor surpresa foi a academia ignorar Avatar nas categorias principais. Como postei há algum tempo, o filme é um lixo que nos impressiona apenas pelos efeitos visuais surpreendentes. Levou a estatueta nesses quesitos (Melhor Efeito Visual, Fotografia e Direção de Arte) e olhe lá. Está bom demais.

Guerra ao Terror é um bom filme. Nada demais, mas bem melhor que Avatar. Na mesma temática, eu prefiro o Soldado Anônimo (do Sam Mendes), que foi ignorado pela academia e um dos grandes injustiçado do Oscar. Sendo assim, eu acho que foi exagero dar ao filme seis premiações: Melhor Filme, Diretor(a) (Kathryn Bigelow – primeira mulher a vencer na categoria), Montagem, Edição de Som, Mixagem de Som e Roteiro Original.

O prêmio de Melhor Ator foi uma coroação tripla: Premiou o melhor ator, o conjunto de sua obra e corrigiu uma injustiça: Jeff Bridges realmente está fantástico em Coração Louco. Uma atuação magnífica que finalmente premia um dos grandes atores de Hollywood, que tem uma carreira bastante sólida (praticamente sem grandes micos e com papéis marcantes) e que ficava chupando o dedo todo ano. Sem contar que desde 1998 a Academia lhe devia a premiação pelo seu fantástico trabalho em O Grande Lebowski.

Melhor Atriz foi outra barbada, já que todos esperavam que Sandra Bullock levasse o prêmio por sua atuação em Um Sonho Possível. O filme é bom, nada demais, mas agradável. Feito para ela brilhar e confesso que não esperava uma atuação decente dela, pois a considero uma péssima atriz. Mas aqui ela manda bem e se redime de muita coisa pavorosa que fez durante esses anos todos.

Os atores coadjuvantes também não surpreenderam. Mo’Nique arrasa em Preciosa e Christoph Waltz é alma de Bastardos inglórios (o maior injustiçado da noite, levando apenas esta premiação). Preciosa faturou também o prêmio de Melhor Roteiro Adaptado, desbancando o favorito Amor Sem Escalas, que não levou nenhuma estatueta para casa. A animação também foi uma barbada. Alguém duvidava que UP levaria o prêmio? E ainda ganharam pela Trilha Sonora também. A Pixar não erra...

A minha grande surpresa foi ver O Segredo dos Seus Olhos roubar o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro do excepcional A Fita Branca. Eu adoro os dois filmes, mas estava realmente torcendo pelo argentino porque acho os filmes do Juan José Campanella do caralho. E prova que mesmo em crise e sem dinheiro, os cineastas argentinos estão anos luz a frente dos brasileiros que só pensam em fazer filmes cabeças ou sobre periferia, cadeia e afins.

Mas a melhor parte da cerimônia foi, sem sombra de dúvidas, a belíssima homenagem ao John Hughes, que morreu no ano passado. No mais, a festa foi meio arrastada, com umas piadas bem sem graça, apresentação fraquinha de Steve Martin e Alec Baldwin e a participação medonha do Ben Stiller, que só não é mais sem graça que o Adam Sandler. Mas o pior mesmo foi esqueceram de citar a Farrah Fawcett no tributo aos defuntos de 2009 pra cá.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Metallica em Buenos Aires - Pré-Show

Continuando...

Chegando na Argentina, tivemos que encarar um táxi para nos levar até o hotel no centro da cidade. Assim como aqui em São Paulo a gente desembarca em pelo Aeroporto de Cumbica, Guarulhos, em Buenos Aires a gente chega pelo Aeroporto de Ezeiza, que também fica na casa do caralho.

Para sair de lá, óbvio que tem que ser de táxi. E se você acha que o taxista de São Paulo é ruim é porque não conhece o da Argentina. Geralmente usa bermuda, camisa de botão aberta, chinelo e fuma durante o trajeto. Óbvio que não usa cinto de segurança e está pouco se lixando se você usa ou não. O carro é um primor. Parece o táxi do Silas Simplesmente (personagem do Marco Luque). Cheio de tranqueira pendurada, velho pra cacete, fita de santo, um treco que aprece rabo de gato e o escambau.

Durante o trajeto nem meu celular e nem o da empresa davam sinal de vida. Eu querendo acertar logo os últimos detalhes com a porta voz da gravadora e falar com a Bruna que já estava na Argentina e que estava tudo bem. Mas nada. Segundo o taxista ele demorava uns 20 minutos para funcionar em outro país. Resolvi esperar.

No hotel, tudo certo. Pegamos nossas chaves e cada um foi para o seu quarto se livrar da mala. Combinamos de nos encontrar no saguão em 15 minutos para trocar os dólares por pesos e almoçar em algum restaurante das redondezas.

Descemos e nada do celular funcionar. Por sorte o do estadão funcionou. Liguei para o contato da gravadora e combinamos tudo. 16h30, no galinheiro do River. Depois de trocar a grana fomos rangar. Fomos no restaurante indicado pelo hotel e finalmente pude conhecer a culinária dos hermanos, que é realmente sensacional.

Como nem tudo é perfeito, me confundi (meu espanhol é pior que o do Luxemburgo) e pedi um frango a milanesa ao invés do bifão. Um vinho argentino pra acompanhar e de saideira, um delicioso chopp Quilmes para dar aquele tapa.

Com a barriga cheia (ainda bem que erramos e pedimos um frango hehehehe), pegamos nossas coisas e fomos para o Monumental de Nuñes. Um calor do cão e aí começamos a notar as diferenças entre shows em estádios no Brasil e na Argentina. Lá, a polícia isola o estádio num diâmetro de cinco ruas mais ou menos. Por um lado é bom porque evita tumulto, por outro é fodinha, pois é uma distância do cacete que você faz a pé. E não se esqueça que estava um sol da porra.

Depois de um tempinho levando sol na cuca, fomos com a imprensa argentina para a coletiva. Depois, Bezzi fez a exclusiva com o Hammett (onde tirei a foto que ilustra esse post) e rumamos para o credenciamento do Ernesto e pegar nossos convites. Lembra do calor? Então. Desde a saída do restaurante não bebemos mais nada. Uma sede terrível e a gente louco para beber alguma coisa. Qualquer coisa gelada.

Olhamos ao redor do estádio e nada. Perguntamos onde tinha um restaurante e um dos seguranças apontou para o lado e pelo que entendi era umas cinco quadras pra puta que pariu. Olhamos para o lado e vimos um posto com loja de conveniência. Óbvio que fomos para lá, para nossa surpresa (outra) só podiam entrar quatro pessoas por vês na loja. Lavamos uma canseira básica, mas entramos. E mais uma surpresinha básica: Cerveja, só em sonho. Não tinha para vender. Ficamos na Coca e Gatorade, as duas únicas coisas geladas do local.

Matamos a sede e resolvemos entrar. Foi quando notamos outra diferença em relação aos shows brasileiros. A rua era um silêncio só. Não tinha um Mané gritando “Metallicaaaaaaaaa” ou cantando algum hit da banda californiana. Os caras pareciam que iam para uma missa.

Depois de passar pela catraca, fomos para arquibancada e abordados por um funcionário. Ele olhou nossos ingressos e pediu para acompanhá-lo. Seguimos o cara, que era um “acomodador”, que nos indicou onde sentar, tirou uma flanela do bolso e limpou nossos lugares. Parecia a Europa hahahahahaha.

O galinheiro do River parece o estádio do São Paulo. Dividido em três anéis, mas sem aquele jardim em volta. Ou seja, é um Morumbi sem a viadagem. Por isso aquilo acaba virando um caldeirão, já que a arquibancada fica perto do campo e dá pra fazer uma pressão animal. E a visão do gramado é excelente.

Bom, o post está grande e vou ficando por aqui. Amanhã eu falo sobre o show, a volta pro hotel, o jantar e a volta pra casa. Afinal de contas, ainda tenho que falar dos shows no Brasil.

Até.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Two Months and a Half in the Life of Metallica

Parte 1

Um dos motivos do abandono temporário do Cotidiano Ranzinza foi o trabalho de divulgação que realizamos aqui na assessoria dos shows do Metallica no Brasil.

Aceitamos a proposta de trabalho na segunda metade de novembro e comemoramos a oportunidade, afinal de contas, tratava-se do nosso primeiro grande show internacional.


Release aprovado e disparado para todo o Brasil no dia e horário combinado (tínhamos que soltar simultaneamente com as assessorias da América Latina que também divulgavam o show em seus países). Foi o pontapé inicial dos telefonemas e e-mails incessantes para pedidos de credenciamentos, entrevistas e convites. Durante o mês de dezembro tivemos que tratar o assunto em banho maria, pois ainda não tínhamos definição de nada e nem se a banda falaria com a imprensa brasileira.

Mas foi em janeiro mesmo que o bicho pegou. Depois de uma entrevista por telefone para a Folha, a banda topou falar com o Fantástico em Lima (Peru) e com O Estado de S. Paulo em Buenos Aires (Argentina). Na terra de Dieguito Maradona, eu, o repórter Marco Bezzi e o fotógrafo Ernesto Rodrigues fomos para uma coletiva de imprensa, seguida por uma exclusiva com o Kirk Hammett e depois assistir o showzaço no Monumental de Nuñes, estádio (galinheiro) do River Plate.

Um dia antes da viagem eu já estava completamente preparado. Mala pronta. Roupa do dia preparada e táxi agendado para o horário certo. Segundo o taxista, gente finíssima que presta serviços a nossa empresa há séculos, a gente levaria uma hora no máximo da minha casa até o aeroporto de Guarulhos. Coloquei o relógio para despertar às 6h15. Tempo de sobra para um banho tranqüilo, preparar uma café gostoso e esperá-lo sem afobação. Mas, assim como o Botafogo, tem coisas que só acontecem comigo.

Choveu durante a madrugada. E atualmente em São Paulo chuva é sinal de catástrofe. Às 5h45 da matina sou surpreendido pelo Deba. “Fábio do céu... Estou preso na marginal. Tá tudo alagado. Se eu fosse você sairia daí agora mesmo. Senão você não chega em Guarulhos”. Pronto. Lá foi a tranqüilidade pro saco. Até a Bruna levantou com o susto e enquanto eu tomava banho ela começava a ligar para os táxis da região.

Saindo do banho conseguimos um carro. Pedimos para o taxista ligar na rádio Sulamérica para saber do trânsito e rumamos para Guarulhos. Óbvio que para qualquer lugar que fôssemos encontraríamos congestionamento. Mas, fazer o que? A corrida que levaria no máximo uma hora acabou durando quase o dobro.

No final das contas deu tudo certo. Se não fosse o santo Deba (que ainda estava preso na marginal) ter telefonado a tempo, a história acabaria no Brasil mesmo... depois de um vôo tranqüilo, chegamos em Buenos Aires. O dia estava bonito, com um solzinho de leve que nada lembrava a chuvosa São Paulo. Tudo caminhava para um dia tranqüilo, mas a síndrome do time da estrela solitária baixou de novo e alguns problemas de última hora surgiram. Problemas que serão contados amanhã, pois estou com um sono da porra e está fazendo um puta calor aqui...

No próximo capítulo, os táxis, o calor infernal e a culinária argentina. Além da coletiva e exclusiva e, finalmente, o show do Metallica em Buenos Aires.

Até.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Avatar – O Triunfo da Infantilização

Depois de meses sem atualizar o blog, eis que estamos de volta. A pausa foi aquilo que mencionei anteriormente. Muito trabalho, mini-férias e a divulgação da turnê brasileira do Metallica (farei um post sobre essa experiência em breve). Pois bem, vamos voltar ao batente e começarei falando sobre cinema. Uma das minhas paixões, mas que ultimamente vem sofrendo com um terrível processo de infantilização.

O título do post é uma frase de Amir Labaki publicada no Guia da Folha de São Paulo, naquelas indicações de cinema do semanal onde o cara bota a sua cotação e uma frase de efeito. Juro que nunca li algo tão perfeito quanto essa tirada do Labaki. E sim. Avatar é o triunfo da infantilização. Uma bobagem gigantesca que infelizmente prova que a indústria cinematográfica e a platéia mundial estão acéfalas.

O novo filme de James Cameron é visualmente lindo. Deslumbrante e com efeitos em terceira dimensão impactantes. Na sala IMAX o efeito é devastador. Uma experiência única e inesquecível, mas que dura uns 15 minutos. Depois disso, o espectador precisa do conteúdo para se prender e o roteiro de Avatar é um lixo completo. Batido, repleto de clichês e personagens caricatos demais.

A começar pelo personagem principal, o ex-fuzileiro Jake Sully, que está confinado em uma cadeira de rodas e aceitou a missão de ir ao planeta Pandora através do Programa Avatar. Neste projeto, ele mistura o seu DNA com os Na’Vi (os nativos do tal planeta) e se torna “um deles” para conhecê-los, ganhar a sua confiança e depois traí-los, roubando-lhes um mineral local valiosíssimo e desejado por um burocrata inescrupuloso.

Como todo filme com discurso eco-chato, o protagonista tem uma mentalidade devastadora e está pouco se lixando que o planeta será devastado, mas acaba se apaixonando pelas maravilhas naturais do planeta, suas criaturas selvagens e, como não poderia deixar de ser, conhece uma guerreira nativa que conquistará o seu coração inescrupuloso, fazendo com que ele se torne um deles.

Já na tribo dos smurfs, ele conhece o irmão da sua amada, que é guerreiro também e torce o nariz para a chegada do azulão de laboratório. Mas com a ajuda dos seus companheiros de figurinhas carimbadas (o nerd, a cientista maluca, o pesquisador e a militar durona – Michele Rodriguez, mais uma vez, no papel de Maria Bonita) ele vai combater a turma de humanos malvados formada também por figurinhas carimbadaças como o burocrata inescrupoloso e o militar-fodão-frases-feitas-e-que-carrega-a-cicatriz-da-criatura-de-Pandora-que-o-atacou.

Alguns críticos classificaram como a obra de Cameron como uma versão alienígena e moderna de Pocahontas. Outros reclamaram que muitos elementos presentes já foram vistos em outro filme do diretor (Aliens – O Resgate). Eu vou além. Misture os dois filmes, troque os diálogos bons por filosofias baratas capazes de envergonhar o Paulo Coelho, use personagens terrivelmente batidos e caricatos e use e abuse dos efeitos visuais para dar um ar de novo á sua obra. Pronto está aí o segredo do sucesso de Avatar.

Isso até poderia ser diferente se o mundo não estivesse sofrendo um processo gritante de imbecialização e emburrecimento generalizado. Enquanto as discussões ficarem centradas nos efeitos visuais do filme, ou no novo herói da Marvel que ganhará adaptaação cinematográfica ou quantos boquetes a mina do twitter pagou no Big Brother Brasil, seremos obrigados a ver coisas como o Avatar liderando o número de indicações no Oscar.