quarta-feira, 24 de março de 2010

O Circo Nardoni

Assim como essa desgraça chamada Big Brother Brasil, é impossível não ler, ouvir ou assistir qualquer notícia ou discussão envolvendo o caso da menina Isabela. Seja no metrô, no bar, no site de esportes ou em qualquer lugar encontramos um comentarista, um analista e um expert de BBB ou do Casal Nardoni.

Eu tento desesperadamente fugir, mas infelizmente não consigo. E também não consigo encontrar o culpado por esse carnaval feito às custas da morte precoce e brutal da menina. Tanto a imprensa brasileira quanto a população se colocam numa situação ridícula, explorando o caso da maneira mais baixa e vulgar, tornando a “cobertura jornalística”, em um circo deprimente.

O povo consegue ser pior. Ávida por “justiça”, parte da população chega ao cúmulo de madrugar na porta do fórum para acompanhar de perto o julgamento. Bradando palavras de ordem, gritando feito macacos, alguns imbecis chegam ao cúmulo de levar os próprios filhos para o local. Não contentes, exploram a inocência das crianças obrigando-as a mostrar cartazes com fotos da menina assassinada. Tem até um infeliz, que veio não sei de onde, para se acorrentar na porta do fórum e clamar para que o(s) culpado(s) paguem pelo crime hediondo.

Não estranhe eu escrever assassino(s) no singular e plural, pois eu não tenho certeza quem é(são) o(s) culpado(s) pelo crime. Não defendo o casal, mas também não acuso, pois não tenho o total conhecimento dos fatos. Isso (eu espero) que seja revelado no final do julgamento, com provas conclusivas e não com o festival de “achismos” que presenciamos até este momento.

Terrível é ver a população se banhando no sangue da menina, os principais portais do país criando blogs para acompanhar “minuto a minuto” o andamento do julgamento, como se fosse uma partida de futebol e a população fazendo um escarcéu danado para ganhar seus 15 minutos de fama na televisão.

Eu acho que a menina precisa de um julgamento sério, que o(s) culpado(s) pague(m) pela barbárie e, principalmente, que imprensa e população aprendam a ter um pouco de dignidade e parem de transformar a vida das pessoas em espetáculos vergonhosos como o que estamos presenciando.

Enquanto isso, na casa mais famosa do Brasil...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Oscar 2010

Sei que estou devendo o ‘finale’ do post do Metallica, mas para variar o meu tempo foi pro espaço e o blog foi deixado um pouco de lado novamente. Como o evento de ontem está mais fresco, vamos a ele. Ainda mais porque este foi um dos raros anos que eu consegui ver todos os filmes que concorriam aos principais prêmios antes da cerimônia de entrega do Oscar.

A melhor surpresa foi a academia ignorar Avatar nas categorias principais. Como postei há algum tempo, o filme é um lixo que nos impressiona apenas pelos efeitos visuais surpreendentes. Levou a estatueta nesses quesitos (Melhor Efeito Visual, Fotografia e Direção de Arte) e olhe lá. Está bom demais.

Guerra ao Terror é um bom filme. Nada demais, mas bem melhor que Avatar. Na mesma temática, eu prefiro o Soldado Anônimo (do Sam Mendes), que foi ignorado pela academia e um dos grandes injustiçado do Oscar. Sendo assim, eu acho que foi exagero dar ao filme seis premiações: Melhor Filme, Diretor(a) (Kathryn Bigelow – primeira mulher a vencer na categoria), Montagem, Edição de Som, Mixagem de Som e Roteiro Original.

O prêmio de Melhor Ator foi uma coroação tripla: Premiou o melhor ator, o conjunto de sua obra e corrigiu uma injustiça: Jeff Bridges realmente está fantástico em Coração Louco. Uma atuação magnífica que finalmente premia um dos grandes atores de Hollywood, que tem uma carreira bastante sólida (praticamente sem grandes micos e com papéis marcantes) e que ficava chupando o dedo todo ano. Sem contar que desde 1998 a Academia lhe devia a premiação pelo seu fantástico trabalho em O Grande Lebowski.

Melhor Atriz foi outra barbada, já que todos esperavam que Sandra Bullock levasse o prêmio por sua atuação em Um Sonho Possível. O filme é bom, nada demais, mas agradável. Feito para ela brilhar e confesso que não esperava uma atuação decente dela, pois a considero uma péssima atriz. Mas aqui ela manda bem e se redime de muita coisa pavorosa que fez durante esses anos todos.

Os atores coadjuvantes também não surpreenderam. Mo’Nique arrasa em Preciosa e Christoph Waltz é alma de Bastardos inglórios (o maior injustiçado da noite, levando apenas esta premiação). Preciosa faturou também o prêmio de Melhor Roteiro Adaptado, desbancando o favorito Amor Sem Escalas, que não levou nenhuma estatueta para casa. A animação também foi uma barbada. Alguém duvidava que UP levaria o prêmio? E ainda ganharam pela Trilha Sonora também. A Pixar não erra...

A minha grande surpresa foi ver O Segredo dos Seus Olhos roubar o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro do excepcional A Fita Branca. Eu adoro os dois filmes, mas estava realmente torcendo pelo argentino porque acho os filmes do Juan José Campanella do caralho. E prova que mesmo em crise e sem dinheiro, os cineastas argentinos estão anos luz a frente dos brasileiros que só pensam em fazer filmes cabeças ou sobre periferia, cadeia e afins.

Mas a melhor parte da cerimônia foi, sem sombra de dúvidas, a belíssima homenagem ao John Hughes, que morreu no ano passado. No mais, a festa foi meio arrastada, com umas piadas bem sem graça, apresentação fraquinha de Steve Martin e Alec Baldwin e a participação medonha do Ben Stiller, que só não é mais sem graça que o Adam Sandler. Mas o pior mesmo foi esqueceram de citar a Farrah Fawcett no tributo aos defuntos de 2009 pra cá.